“Alta do dólar foi provocada pelo próprio governo” - (9 ano Colégio Liceu)

sábado, 19 de maio de 2012



“Alta do dólar foi provocada pelo próprio governo”, diz economista
por Thais Herédia
Ninguém queria o dólar valendo pouco, na casa dos R$ 1,70. Agora, ninguém quer a moeda americana acima de R$2,00. Para começar a discussão, quando o assunto é câmbio, nunca é demais lembrar que vivemos no Brasil sob o regime flutuante, ou seja, o valor do real frente ao dólar “flutua” de acordo com a demanda e a oferta da moeda americana.
Foi no final de julho do ano passado que o ministério da Fazenda fez o primeiro ataque para encarecer as operações no mercado futuro. Com a cobrança de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) em várias operações do mercado de câmbio para segurar a valorização do real, o governo provocou uma “fuga” de “vendedores” da moeda americana no mercado brasileiro. O pagamento do imposto se dá exatamente na venda dos dólares. Ora, se há mais compradores do que vendedores, há menos oferta de dólares e por isso o preço sobe, desvalorizando o real.
Em setembro de 2011, com um ligeiro pânico gerado pela crise europeia, o dólar disparou beirando os R$ 2 e o BC entrou com tudo no mercado vendendo mais de US$ 5 bilhões em um único dia. “O BC vende dólares porque não paga IOF”, foi o título de um artigo publicado no Blog, chamando atenção para essa distorção causada pela cobrança do imposto.
Assim que as coisas se acalmaram, o dólar “derreteu” e o real chegou a valer menos de R$1,70. O BC passou a agir na outra ponta, comprando e comprando dólares no mercado. Em fevereiro, foram 12 intervenções. Em março,  o governo mexeu de novo no IOF para diminuir ainda mais o apetite dos investidores.
A medida começou a gerar os efeitos desejados pelo governo. O real passou a se desvalorizar, ainda com pouca intensidade, mas no rumo de alta. Não foi um movimento unicamente brasileiro, já que o dólar se valorizou no mundo todo, em reação à continua piora das grandes economias da Europa.
Há vinte dias o cenário mudou bastante, o dólar já acumula alta de 5,85% nesse período. Nesta sexta-feira (18), o BC apareceu vendendo a moeda americana no mercado futuro e conseguiu conter, parcialmente, um processo de alta continuada do dólar. Mesmo assim, o dólar terminou a semana na maior cotação desde junho de 2009, a R$ 2,0185.
“Do ponto de vista dos fundamentos, a nossa moeda tem se desvalorizado mais do que a dos nossos pares da América Latina, mesmo contando com fluxo de recursos que continua entrando no Brasil. Essa alta maior foi provocada pelo próprio governo, que promoveu uma desvalorização artificial do real nos últimos meses”, diz um economista brasileiro, responsável pelos investimentos de um fundo em Nova Iorque.
O governo fez uma parte e a crise na Europa está fazendo a outra. As coisas por lá têm se deteriorado com mais intensidade e rapidez nos últimos dois meses, sem uma trégua simples à vista. O que significa que o real pode continuar se desvalorizando por mais tempo.
Enquanto o quadro não se define, o BC deve continuar intervindo e o ministério da Fazenda tentando explicar o que realmente quer para o câmbio. Os brasileiros vão seguir fazendo as contas para saber se estão ganhando ou perdendo com a alta do dólar.

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